quarta-feira, novembro 22, 2006

Carta para quem a quiser ler (#1)

Cara amiga e companheira,

"Não tenho nada para te dizer mas este nada é a ti que o digo"*. Tenho estado a ler. O dia cinzento não convida a passeios.
Fechei as cortinas por causa dos relâmpagos e as janelas para não ouvir os trovões. As trovoadas passam depressa.
Tenho estado a ler um livro, na minha poltrona, no meu cantinho de leitura.
Fala de uma mulher que está no campo, a olhar para um rio. A água passa, sem chuva; rio quase seco. Imagina gaivotas.
Entra-se agora uma multidão anónima pela sala. Espera um pouco; vou desligar a telefonia.
O comboio chegou a horas e já estou em casa. Escrevo-te agora que não há nada para dizer, aproveitando o apoio da capa dura do livro.
A caneta falhou, por isso agora uso outra, para me despedir de ti, cara amiga e companheira.

Sempre teu,


Jguerra

* Texto redigido num atelier de escrita criativa, há um ano; o mote era um verso de Roland Barthes "Não tenho nada para te dizer mas este nada é a ti que o digo."

5 comentários:

Anónimo disse...

Não sei bem porque me emocionei ao ler o texto.
Sentimentos são sempre assim, acabam nos tocando de uma forma especial.
Amei a música!!!!!
Beijo carinhoso em forma de pérolas de luz!!!!
Eärwen Tulcakelumë
22.11.06

Anónimo disse...

Nada já é muito!
mto Obrigado!
cá recebi a carta vinda no bico de uma pomba branca que se foi embora para outras paragens assim que ma deixou no colo!
Lana

jguerra disse...

Lana, a pomba tem destas coisas, não se demora, toca ao de leve e deixa mensagem, ficando nós sedentos de mais.

Eärwen: as emoções são assim, sobem à flor da pele Às vezes por tão pouco... uma palavra, um sorriso, etc.

Arauto da Ria disse...

Jguerra,
confesso que gosto dos seus sítios, mas este só hoje tive oportunidade de o ler e gostei muito, vou aprender muito e por isso vou andar mais atento aos seus escritos.
Cumprimentos e bfs

jguerra disse...

Oá Arauto. Obrigado pelas palavras. Será sempre bem vindo.