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quinta-feira, janeiro 27, 2011

Os dias

Um dia foi assim.

Deixámo-nos levar pelo vento
balouçando no tempo
fugaz do momento fomos Zéfiro

Mais um dia
e árvores vergaram
Bóreas levou-nos
com rapidez pelas terras do mundo

Passou mais um
Euros apanhou-nos
e raptou-nos
para lugares distantes
encurralou-nos no mar profundo

E mais um
para as Nereidas à superfície levaram
e Nótus nos resgatar
Nas nuvens deitados
encontrámos Zéfiro
que suavemente
nessa improvisada liteira
nos devolveu

Útimo dia
olhámos o vento
sussurámos-lhe a gratidão

(C) Joaquim Guerra
Foto: Zéfiro, o deus grego do vento oeste e a deusa Chloris, de uma pintura de 1875 de Bouguereau

terça-feira, janeiro 20, 2009

Azul


queria roubar um pedaço de Céu

para no meu aconchego guardar sua cor

seu calor e fervor.

Queria ter um pouquinho de azul.

Um pouco só. Clarinho como o Céu

que me desse carinho, cofiança.

Queria ficar com teu poder,

comunicar e dizer os meus tesouros.

Segredos da alma que de vida em vida

se calam, se escondem.

Ai roubar um pedaço de Céu

e tê-lo aqui, sempre junto de mim.


PS: Não tenho estado bem, parti um dedo da mão direita e daí não poder vir com a regularidade necessária nem visitar-vos como desejaria. Desculpem. (imagem da net)

segunda-feira, junho 16, 2008

Negro



por que nos magoamos,
agredimos,
nos ferimos?

amor-ódio-paixão-amizade
linhas ténuas que se pisam
nas quais tropeçamos
fazemos desaparecer

por que nos amamos?

segunda-feira, junho 02, 2008

EM MIM


sonhar – desfeito
um olhar que se prende
revejo-te ali, bem perto
no escuro – lusco-fusco da memória

gostar da penumbra

que se alarga em mim

me devora, me enche

desfeito em ti

sorriso em si

ficar aqui no meu ser

que se ilude de mim

reger minha esperança

minha vida por nós

em vão rega nosso canto

de aves que se elevam

deixando-nos

em memórias de mim

(c) Joaquim Guerra

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Quando o silência dorme...



Quando o silêncio dorme,
nós apagamos um pouco da nossa memória,
esperamos deixar espaços em branco,
rogamos que nos esvaziem memórias.

Quando o silêncio grita, clama,
por um pouco de companhia,
por umas poucas palavras
que nos guiem, nos orientem, nos encaminhem.

Quando o silêncio dorme,
vemos passar o nada, o vazio,
a solidão que nos empurra para grandes espaços
que nos agrilhoa

Quando o silêncio é silêncio,
na alma do nosso corpo,
no espaço da nossa memória
que tudo guarda, tudo fotografa,
tudo encaixa no nosso cérebro inconsciente de si, de nós, de todos.

Quando o silêncio dorme,
sinto-me acompanhado,
sinto-me não só, nesta vida
que nos quer solidão.

Quando o silêncio dorme,
apago momentos de memória,
construo outros recalcados,
deixo-os invadir a minha não solidão.

Quando o silêncio se quer silêncio,
pois para quê palavras.
Deixo o olhar cruzar olhares,
deixo-me ao abandono de mim.

Quando o silêncio dorme,
sorrio para o mundo.
Quer dizer que estou aqui,
que estás aqui, que me acompanhas,
que me guias, que me falas.

(c) Joaquim Guerra
Imagem gentilmente cedida pelo José.
Visitem: http://nevesfotografia.blogspot.com/

segunda-feira, novembro 19, 2007




agrilhoados no espaço
agrilhoados no tempo
agrilhoados em nós
nos vemos em nós

laços que perduram
laços que nos aturam
laços que nos fecham
em nós de nós

e presos vamos caminhando
presos vamos criando vínculos
presos no tempo-espaço
presos em nós

(c) Joaquim Guerra
(foto da net)

terça-feira, outubro 23, 2007

Risos

Amanheceu.

Risos de crianças lá longe, abandonadas de paixão.

Quando se passa a vida em revista nem sempre nos apercebemos dos momentos. Surge-nos um cliché difuso que se perfila em chama. Assim, são as recordações de um ente ao qual chamaremos Carlos. Como os Românticos. Não que seja propositado. Só um nome como outro nesta escrita sumariada. Falar da vida dos outros, ficção ou realidade, é sempre revelador de uma disfunção. Até que ponto se pode dizer que a verdade contada é verosímil ou que a história narrada se perde no sabor da imaginação humana?

Meu caro, isto está por sua conta. A história de uma vida é sempre ficção. Como faremos nós para nos lembrarmos de todas as emoções de um momento? Ajustamos aqui ou ali. Ao sabor das sensações actuais, dos sentidos presentes. Relatos de uma vida ao sabor da maré ou do interruptor, é aquilo ao qual me tentarei dedicar. Relatos ou retalhos filtrados por ele, vistos por mim e lidos por si. Três olhares da mesma vida que esboçaremos em conjunto.

Risos de crianças lá longe. Abandonadas da paixão do sol. Contrariadas, separam-se com promessas sem fim de retomar as brincadeiras onde as tinham deixado. Acenam-se mãos num adeus curto. Atraiçoam-nos mais uma vez os olhos que preferem outras imagens. Felizes talvez. Não sei dizer. Há lugares na mente que se escondem. Recalcam-se no fundo da despensa. Imaginam-se esquecidas para que não se possam recordar. Propositadamente voltam ao de cima, por vezes. Quando não queremos, principalmente. Nos sonhos sem fim dos quais nos restam nevoeiros de saudade.

Lá está, portanto, Carlos, fechado num quarto. Os olhos detêm-se na folha branca. Escreve, pensa, tenta escrever, pensa, rabisca, rasga e deita fora. Foge da secretária e grita. Abre a porta, enche os pulmões de ar e solta novamente o desespero. Tudo lhe traz à memória pequenos instantes de vida que ele queria registar, mas cada palavra escrita é força sobre-humana. Uma libertação de energias que sofre com Carlos naquele deserto verde. Podia sair, deixar a casa e mais um sem fim de possibilidades que me vêm à alma mas não à dele.

Voltou a entrar e pousou o olhar sobre o retrato. Aqueceu-lhe o espírito. Este restará gélido pelo que me apercebo. Insensível ao seu dono como um cão raivoso que deseja sofrer, e provocar sofrimento. Ao seu lado, um candelabro de oito velas, por baixo uma lareira que crepita dando ao ambiente um ar sereno, invejável, e, novamente, as crianças que riem, longe de tudo. Inclusive do branco orgulhoso da sua pureza. Atira-as para o lado, consumindo-se em chamas. O choro agudo fere. Leva as mãos à cabeça, tapa os ouvidos e chora. Chora pela sua mensagem que nunca mais passará a ser lida com prazer.


Excerto de um livro que o Universo teima em não querer publicar.
Guerra, Joaquim. Golem. Eternamente no prelo.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Páginas soltas #1


"Deixei os braços pousarem na madeira inchada e húmida, abri um pouco a janela a pensar que isso de olhar a chuva de frente podia abrandar o ritmo dela, ouvi lá em baixo, na varanda, os passos da avó Agnette que se ia sentar na cadeira da varanda a apanhar fresco, senti que despedir-me da minha casa era despedir-me dos meus pais, das minhas irmãs, da avó e era despedir-me de todos os outros: os da minha rua , senti que rua não era um conjunto de casas mas uma multidão de abraços, a minha rua, que sempre se chamou Fernão Mendes Pinto, nesse dia ficou espremida numa só palavra que quase me doía na boca se eu falasse com palavras de dizer: infância.
A chuva parou. O mais difícil era saber para as lágrimas.

O mundo tinha aquele cheiro da terra depois de chover e também o terrível cheiro das despedidas. Não gosto de despedidas porque elas têm esse cheiro de amizades que se transformam em recordações molhadas com bué de lágrimas. Não gosto de despedidas porque elas chegam dentro de mim como se fossem fantasmas mujimbeiros que dizem segredos do futuro que eu nunca pedi a ninguém para vir soprar no meu ouvido de criança.
Desci. Sentei-me perto, muito perto da avó Agnette.
Ficámos a olhar o verde do jardim, as gotas a evaporarem, as lesmas a prepararem os corpos para novas caminhadas. O recomeçar das coisas.
- Não sei onde é que as lesmas sempre vão, avó.
- Vão para casa, filho.
- Tantas casas de um lado para o outro?
- Uma casa está em muitos lugares - ela respirou devagar, me abraçou. - É uma coisa que se encontra.

In Ondjaki, Palavras para o velho abacateiro. Os da minha rua. Ed. Caminho.
Foto: Laurent Breizh, Colors

quarta-feira, agosto 01, 2007

Vou viajar...



Meus amigos,
vou voar pelas estrelas,
passear com os cometas,
visitar a via láctea,
trocar dois dedos de conversa
com a lua e o sol
encontrar talvez o Universo
bem disposto apesar de se
sentir só... com minha companhia
ficará mais contente.

Pensem em nós! Vou viajar!
Pelo mundo, pelos outros.
Entrar pelo mundo dos outros
tentando perceber que querem,
porque somos obstinados a olhar
para nossos umbigos.

Pensem em nós! Que vamos viajar!
Vamos de férias!! Atravessar fronteiras.
No fim do mês cá estarei.

Mas não pensem que vos esqueço ou
que abandono o Blog... já não sou
capaz muito tempo.
Deixo "posts" prontos para soltar
mal tenha net, mal me ajudem para tal.

Beijinhos luminosos. Que a energia do Universo nos acompanhe. Nos deixe felizes em nossas jornadas. Abraços enérgicos, que estejam sempre acompanhados pelos vossos guias, mestres, mentores e protectores. Bênçãos a todos.

Bau... com certeza que terás lua para vocês também. Um abraço especial.

domingo, julho 29, 2007

Cavaleiro


Do fundo do mar

Do centro da floresta

Do cimo dos céus

Do alto das montanhas

Clamam por ti!

Das ruidosas vilas e cidades

Das pacatas aldeias

Do interior e litoral

Do norte e do sul

Clamam por ti

Vem Cavaleiro Vem

Traz-me meu coração

Traz-nos vibração

Levem ventos de quadrantes diferentes

Levem pássaros de todo o mundo

Levem raios de sol e de Lua

Levem estrelas pelo Universo

Levem esta mensagem

Levem esta esperança

Que o Cavaleiro de espada da Terra

Que o Cavaleiro de armadura lunar

Que o Cavaleiro das sombras renasça

Traz meu coração!

Traz minha esperança!

Traz meu sentir, meu fluir, meu devir!

©Joaquim Guerra

1 de Fevereiro de 2007

sexta-feira, julho 20, 2007

Dia da amizade!!

Hoje é dia da amizade, é dia de saudarmos nossos amigos, de lhes dizermos o quanto gostamos deles. Aos amigos que me lêem e àqueles que nem sabem, deixo aqui este lindo poema que me enviou a Cris.



Amor ou Amizade


Perguntei a um sábio,
a diferença que havia entre amor e amizade.

Ele me disse essa verdade:
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.

O Amor nos dá asas ,
a Amizade o chão.

No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.

O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida companheira.

Mas quando o Amor é sincero
ele vem com grandes amigos,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.

Quando se tem amigos como vocês...
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

sexta-feira, maio 25, 2007

Sem título


Sentir à claridade é como morrer para nós. Não devemos ficar pelo visível. Este ofusca-nos, esconde o que nos torna gente. Sentir o sentimento do que está oculto sem olhar para aflorar o ser.
Interiorizar a imagem, transformá-la e ter a possibilidade de criar uma obra que evoca outra imagem e assim sucessivamente. Se o acto de nomear nos lembra formas...calemo-nos e no silêncio tentemos delimitá-las. O essencial é invisível aos nossos olhos. Fechem-nos e sintam aquilo que não vêm. Em breve, terão novas formas saídas de um abstracto concreto. Algo não visitado pelo real que nos é impossível sentir à luz.


Faça-se tudo negro!


Consultar a noite é como consultar o maravilhoso desconhecido que nos é permitido sentir,

Fazer do abstracto forma é desafiar a arte, é tentar realizar o que nos é impossível revelar por palavras. A linguagem é pequena para isso. Formem-se conjuntos novos de letras partindo dos existentes. Associem-se ideias desconexas e criem-se elementos abstractos que remetam para aquilo que sentimos no nosso mais profundo delírio. Criem-se novas frases que exprimam a nossa imagem mesmo que para isso seja necessário romper com as normas.

Largar o real e conseguir dar a conhecer novas paisagens.

Dar asas ao sentir.

Multiplicar as imagens.


PS: Este poema foi escrito em tempos idos de faculdade, já lá vão pelo menos 10 anos. Encontrei-o há uns meses e fui guardando, esperando a altura de postar.

segunda-feira, abril 23, 2007

"5 BLOGGERS THAT MAKE ME THINK- AWARD"



Pois bem... o Energias Alternativas recebeu um presente de Eärwen TulcakelumÃ. Sim, é verdade. Que confuso fico quando recebo presentes destes. Fico sem jeito ao receber estas pérolas incandescentes. Aliás, como tu bem sabes. O blog passou a ser um dos que a fazem pensar, meditar. Encho-me de orgulho, claro, mas sinto igualmente o peso da responsabilidade, da continuidade.

Presente merece presente e por isso decidi brindar a minha amiga e a vocês, caríssimos leitores, com um pequeno poema escrito há muito tempo. Poema que gosto muito, acho que o meu preferido. Poema com história, longa demais para ser contada.

Barcavela

Negro

Navegar... sempre navegava na imensidão do mar. Que poder fazer mais se tudo só ficou... negro...

Tempestade – amada

Serenidade acolhida depois da fúria – casta.

Azul – cinzento

Navegava o barco – olhar que depois de uma tempestade se prostrou à frente de uma vaga de fogo semelhante ao negro do inferno – capricho.

Contemplar – calar

Mas não criar. Unicamente receber a emoção e descrevê-la em intuição.

Sonhar

Não ver o contorno mas o que está antes e para além. Olhar o que se vê depois do que se pensa.

Criar...

O ritmo desconhecido torna-se espelhado pelo ser que se transforma à frente do que se tenta estabelecer – encadear.

A cor, a ordem, o azul, o olho, o negro,,,,,, a vela, o céu, o sonho... e tudo o mais que ficou sem se irrealizar.

Para o Miguel e seu quadro belíssimo





E agora tenho a responsabilidade de nomear outros cinco blogs que me fazem pensar. Grande dificuldade que tenho em fazer isso. Cinco e apenas cinco, e com pena de não poder nomear quem já o foi!! Espero que ninguém se ofenda. Os escolhidos deverão copiar o logotipo que deixo lá em cima e colocar na lateral do blog. Para além de terem de nomear outros cinco.

De entre muitos, realço estes cinco:

ReiKi: Ana (Blog 2)
Baudolino
ANKH
Uma mão cheia de nada... (Blog da Lana)
Caminho dos Versos

Ufa! Dificil, certamente. Poderia ter colocado outro tanto.

Deixo aqui um grande abraço à Fénix, aos escolhidos e aos restantes que dificilmente tenho de deixar de fora.


terça-feira, março 20, 2007


Eram rosas de espinhos sedosos que te oferecia

Eram cores lacrimejantes que alegria trespassavam

Eram sentires de algodão

Eram carinhos de rudeza desmedida

Ofereci-te rosas para celebrar nossa emoção

Ofereci-te flores para lembrar nossa paixão

Ofereci-te alegria para viveres

Ofereci-te rosas, apenas rosas que de espinhos não sentias

Senti teu rubor nas rosas de vermelhidão

Senti nosso sabor em húmidas tardes

Senti minha emoção demorada

Senti tua... senti-te minha

Guardámos o sabor das pétalas

Guardámos o caule entre nós

Guardámos a penugem das folhas

Eram rosas de espinhos sedosos

Eram rosas para ti, apenas para ti

Eram apenas rosas, apenas aquilo que te podia oferecer

Eram rosas de céu estrelado, de luas vivas e sóis fulgurantes

Joaquim Guerra

(C) imagem da net, não me lembro de onde já

terça-feira, março 06, 2007

Petit Plaisir Minuscule




Je reviens du cinéma, tard le soir. La route me fait face, les arbres s’allongent sur le côté et le désir survient.

Envie de fuir, envie de rouler jusqu'à je ne sais où ; ne pas s’arrêter et faire face à la route qui nous fait face.

Porté par le vent, porté par le temps qui ne cesse de nous monter qu’il est l’heure, mais le plaisir de rouler sans cesse, ce petit plaisir d’évasion qui nous dresse, qui nous presse à continuer, à ne pas flancher, à ne pas le quitter.

Porté par le temps, porté par le vent qui ne cesse de faire face. Le bras moitié à l’extérieur presque glacial qui me dit rentre moi. Mais le besoin de frais dans les aisselles ne m’y fait pas renoncer.

La musique aide ce petit plaisir d’évasion. Elle nous porte dans d’autres dimensions, accompagnées par cette image de la route, des arbres dans la nuit qui me font compagnie.

L’éternité devant moi j’arrive au carrefour. Je continue ou je tourne.

Le bras à froid je le rentre.

— « Bonsoir, alors le film »

JGuerra

(C) Foto retirada da net, perdi a referência.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Oração da vida

"A vida é uma oportunidade, aproveite-a...
A vida é beleza, admire-a...
A vida é felicidade, deguste-a...
A vida é um sonho, torne-o realidade...
A vida é um desafio, enfrente-o...
A vida é um dever, cumpra-o...
A vida é um jogo, jogue-o...
A vida é preciosa, cuide dela...
A vida é uma riqueza, conserve-a...
A vida é amor, goze-o...
A vida é um mistério, descubra-o...
A vida é promessa, cumpra-a...
A vida é tristeza, supere-a...
A vida é um hino, cante-o...
A vida é uma luta, aceite-a...
A vida é aventura, arrisque-a...
A vida é alegria, mereça-a...

A vida é vida, defenda-a..."

Madre Teresa de Calcutá

(fonte: http://esoterico.terra.com.br/vidainterior/)

segunda-feira, dezembro 04, 2006

PALAVRAS

PALAVRAS

Palavras ditas
São gravadas na memória
São registros que não se apagam
No tempo da nossa história

Palavras ditas
Assumem qualquer forma
De carinho, de luz, de força
De declarações sentidas, de glória

Palavras sedutoras
Nas mãos do aprendiz
Podem ter o sabor do fel
Vir envoltas em brumas
Que disfarçam seu amargor

Palavras
Que podem se tornar vazias
Se o sentimento nelas
Não mais habita


Porém as palavras ditas
Também se perdem no tempo, no espaço
Ajudam-nos a reconciliar as nossas várias dimensões,
Mas se não forem fixadas tornam-se vazias
Levadas pelo vento do esquecimento
Que sopra noite e dia

Palavras têm de ser ouvidas para viverem
Para transmitirem sentimento
Têm de ser escritas para irem mais longe
O longe que o homem alcança com palavras

Palavras que o vento já não leva
E que a rigidez da pedra fixa no tempo e no espaço
Da nossa memória,
Da nossa vida

Palavras que transmitimos
Palavras que enchem a alma de vindouros
Que nos deixam saciados

By Eärwen Tulcakelumë & J.Guerra

Agradeço à Eärwen a partilha de amizade, da qual podem ler este fruto, e o carinho. Grande beijo e boas vibrações!

quarta-feira, novembro 22, 2006

Carta para quem a quiser ler (#1)

Cara amiga e companheira,

"Não tenho nada para te dizer mas este nada é a ti que o digo"*. Tenho estado a ler. O dia cinzento não convida a passeios.
Fechei as cortinas por causa dos relâmpagos e as janelas para não ouvir os trovões. As trovoadas passam depressa.
Tenho estado a ler um livro, na minha poltrona, no meu cantinho de leitura.
Fala de uma mulher que está no campo, a olhar para um rio. A água passa, sem chuva; rio quase seco. Imagina gaivotas.
Entra-se agora uma multidão anónima pela sala. Espera um pouco; vou desligar a telefonia.
O comboio chegou a horas e já estou em casa. Escrevo-te agora que não há nada para dizer, aproveitando o apoio da capa dura do livro.
A caneta falhou, por isso agora uso outra, para me despedir de ti, cara amiga e companheira.

Sempre teu,


Jguerra

* Texto redigido num atelier de escrita criativa, há um ano; o mote era um verso de Roland Barthes "Não tenho nada para te dizer mas este nada é a ti que o digo."

sexta-feira, novembro 10, 2006


Ofereço-te um sorriso, que nada e tudo custa.
Para que nos dias de adversidade penses que não estás só, que te acompanho.

Ofereço-te uma lágrima que acalma.
Para que vejas que não choras só.

Ofereço-te a lua para que te vejas nela.
Para que as noites se iluminem e mostrem a tua graça.

Ofereço-te uma flor que aquece, engrandece.
Para que a tua resplandescência faça o sol ao teu lado parecer apenas uma pequena luz.

JGuerra



(C) Foto de Nath-Sakura

Dedicado à Solange, ao Daniel e ao David que me acompanham na vida e a tornam mais alegre.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Fecha os olhos...
deixa que a noite te surpreenda
o tempo vai embora, passa por nós e não deixa rasto
nesta noite de luar intenso
fecha os olhos e deixa que o meu beijo te surpreenda

Fecha os olhos
sonha comigo se quiseres
deixa-te levar pela noite, pela lua, pelo tempo
fecha os olhos e fica aqui comigo
deixa-me encostar ao teu lado
apenas encostar

Fecha os olhos
o sonho leva-nos para dentro do luar
vemos a lua ao nosso lado
vemos as crateras,
o lenhador,
a terra ali distante

Não, não os abras ainda
deixa-te ficar aqui comigo
deita-te aqui ao meu lado
entra no meu sonho
vê a lua como a vejo
o tempo como o vejo
a noite como a vejo:
sem estrelas mas de luar
sem nuvens e com luar
luar intenso que nos abraça, que te abraça




Fecha os olhos
que os fecho contigo
o tempo vai embora
e se quiseres
sonha comigo

com a lua, os planetas, a via láctea
com a Terra, os rios, mares e continentes
comigo e contigo
sente o meu fugidio beijo
mas deixa-te ficar

Fecha os olhos que os fecho contigo

Joaquim