"- Pois sm - admitiu - Mas como terias passado sem mim? O que seria de ti se Kamala não te tivesse ajudado?
- Querida Kamala - disse Siddharta, endireitando-se -, quando te procurei no teu bosque, dei o primeiro passo. Era minha intenção aprender o amor com a mais bela das mulheres. A partir do momento em que formulei essa intenção, sabia também que a iria concretizar. Sabia que tu me ajudarias, a partir do teu primeiro olhar na entrada do bosque que já o sabia.
- E se eu não quisees?
- Tu quiseste. Vê Kamala: quando atiras uma pedra à água, ela procura o caminho mais rápido para o fundo. Assim é quando Siddharta tem um objectivo, uma intenção. Siddharta nada faz, espera, pensa, jejua, mas passa pelas coisas do mundo como a pedra passa pela água, sem fazer nada, sem se mexwer; ele é atraído e deixa-se cair. O seu objectivo arrasta-o, pois ele não admite na sua alma nada que pudesse interpor-se entre ele e o seu objectivo. Foi isto que Siddharta aprendeu com os samanas. É a isto que os ingénuos chamam encantamento, pensando que é obra de demónios. Todos podem dominar estes encantamentos, todos podem alcançar a sua alma, desde que saibam pensar, esperar e jejuar.
Kamala ouviu-o até ao fim. Ela amava a vox dele, amava o brilho dos seus olhos.
- Talvez aconteça - disse ela baixinho - como tu dizes, meu amigo. Mas talvez aconteça que Siddharta é um homem belo, que o seu olhar agrada às mulheres, que por isso a sorte vai ao seu encontro.
Siddharta despediu-se com um beijo.
- Que seja assim, minha professora. Que o meu olhar te agrade, que a sorte parta sempre de ti para vir ao meu encontro!"
- Querida Kamala - disse Siddharta, endireitando-se -, quando te procurei no teu bosque, dei o primeiro passo. Era minha intenção aprender o amor com a mais bela das mulheres. A partir do momento em que formulei essa intenção, sabia também que a iria concretizar. Sabia que tu me ajudarias, a partir do teu primeiro olhar na entrada do bosque que já o sabia.
- E se eu não quisees?
- Tu quiseste. Vê Kamala: quando atiras uma pedra à água, ela procura o caminho mais rápido para o fundo. Assim é quando Siddharta tem um objectivo, uma intenção. Siddharta nada faz, espera, pensa, jejua, mas passa pelas coisas do mundo como a pedra passa pela água, sem fazer nada, sem se mexwer; ele é atraído e deixa-se cair. O seu objectivo arrasta-o, pois ele não admite na sua alma nada que pudesse interpor-se entre ele e o seu objectivo. Foi isto que Siddharta aprendeu com os samanas. É a isto que os ingénuos chamam encantamento, pensando que é obra de demónios. Todos podem dominar estes encantamentos, todos podem alcançar a sua alma, desde que saibam pensar, esperar e jejuar.
Kamala ouviu-o até ao fim. Ela amava a vox dele, amava o brilho dos seus olhos.
- Talvez aconteça - disse ela baixinho - como tu dizes, meu amigo. Mas talvez aconteça que Siddharta é um homem belo, que o seu olhar agrada às mulheres, que por isso a sorte vai ao seu encontro.
Siddharta despediu-se com um beijo.
- Que seja assim, minha professora. Que o meu olhar te agrade, que a sorte parta sempre de ti para vir ao meu encontro!"
Herman Hesse. Siddharta. Casa das Letras.
13 comentários:
Que o meu olhar te agrade, que a sorte parta sempre de ti para vir ao meu encontro!"
Em um olhar se diz tudo, afinal os olhos sao as janelas do coracao
Mil beijos
Whispers
Krido e estimado Mestre adoro Herman Hesse e o seu Siddharta...
tal como Sid que mudou de vida tb eu não mudando de vida a vou transformando no melhor que sei com a tua ajuda e com mtas saudades ...
talvez hoje te ligue quem sabe?
tem 1 bom dia e recebe desta humilde discipula 1 sorriso mto luminoso.
Lana
Boas!
Passaste das páginas soltas 1 para a 3? Está bem, como estão soltas, percebo.
Olha, trazes o Herman Hesse, um grande contador de histórias que hoje não será tão lido como era há uns bons anos atrás(também existe uma espécie de moda na leitura, coisa que nunca consegui perceber).
E por isso mesmo te felicito especialmente.
Abraço e bom trabalho.
Desculpa, Guerra, é só para corrigir: Este Hermann tem dois "n" no nome e é do tempo em que ainda se atribuíam Nobel de Literatura a grandes escritores.
Porque agora, meu caro, os lobbie funcionam mais alto do que o real valor dos possíveis laureados.
Te felicito querido amigo,por nos trazer esta maravilhosa narrativa,dentre tantas de igual beleza e profundidade, deste que considero um verdadeiro Mestre: Hermann Hesse.
Já aqui faço morada...pois em cada vinda minha, encontro pérolas e tesouros que enriqueçe nosso espírito e nos faz parar...refletir...refletir...;
Beijos,
Olá!!
1 sml
lana
OLÁ J. GUERRA
Acabo de ler o seu comentário:
E de repente do C já vai no G!!!
Como recuperar o tempo perdido? Muito tempo de leitura vou ter!
ÓPTIMO, SERÁ BOM TER INTERESSE EM LER O QUE ESCREVO. FICO FELIZ.
Já agora... posso usar alguns dos textinhos nas minhas aulas de PLE?
AMIGO, PODE USAR O QUE QUISER... mas, explique-me: suas aulas de PLE, o que é isso???
Bom fim de semana.
Beijitos.
O primeiro passo é sempre procurar...
E acreditar no que se quer...
Adorei!
*
Grande livro!
Tb tenho andado com coisas novas todos os dias. Este início de ano tem sido... Ainda bem, é bom sinal!Um abraço
Oie J. Que bela leitura, viu? Realmente um belo post! Obrigada por dividir. Hermann Hess, demais!
Olá J.G. é verdade, é com dois n... correcção aceite! LOL
É verdade, o "Páginas soltas #2" está no blog Almas Poéticas (aí na barra).
Abraço a todos.
Passo para desejar uma boa semana .
"...Imagino a bruma à tua frente
Branca que se estende sedosa..."
Abraços .
Enviar um comentário