Há cerca de um mês morreu o pai de uma vizinha minha, florista, onde me dirijo algumas vezes para comprar ramos e flores. Ela tem um dom especial para criar verdadeiras obras de arte com flores, deixando qualquer um que receba não apenas com a sensação de que recebeu um ramo de flores, mas igualmente algo único, que não encontrará nunca mais.
Pois bem, voltando ao assunto principal. Morreu-lhe o pai.
Morreu-lhe o pai e o pequeno bairro ficou entristecido. Fecharam-se lojas no momento do enterro, algumas pessoas ficaram abaladas, sentidamente abaladas. Eu acho que não, apesar de ter estima pela florista, não lhe conhecia o pai, a mãe sim, o pai não.
Mas o principal problema surge quando sabemos que todos dão os pésames e nós não. Porque não fui? Perguntei-me isso várias vezes.
É verdade que fico incomodado com a morte, sem saber que dizer. É verdade, que mostro, mesmo sem querer, que me sinto incomodado nessas situações, não sei bem que dizer, nem que fazer. Não me sinto bem. Apesar de sofrer quando são pessoas próximas, sinto-me igualmente incomodado com a manifestação de tristeza e pesar de conhecidos e menos conhecidos que nos vêm dar "os sentimentos". Normalmente parece que fico mais rebaixado na minha tristeza e solidão.
O certo é que não consegui falar com a florista. Não lhe fui transmitir o meu pesar pela morte de seu pai. Agora já passaram várias semanas, mas sinto-me ainda incomodado. Como será quando precisar de comprar flores? Evitar não resolve o problema, apenas o adia, é verdade. Mas continuo a sentir-me mal por não dizer nada.
Nada tem a ver com as minhas crenças, de que a morte é apenas o despegar passageiro deste mundo para cá voltar, sem memória consciente do que passou. Nada tem a ver com isto. E não tem a ver já que por mais que acreditemos nisso, é sempre um ente querido que desapareceu da nossa vida actual. Não sentiremos mais a sua presença física, não ouviremos as suas palavras.
O certo é que ainda não consegui falar com a florista, minha vizinha.
Pois bem, voltando ao assunto principal. Morreu-lhe o pai.
Morreu-lhe o pai e o pequeno bairro ficou entristecido. Fecharam-se lojas no momento do enterro, algumas pessoas ficaram abaladas, sentidamente abaladas. Eu acho que não, apesar de ter estima pela florista, não lhe conhecia o pai, a mãe sim, o pai não.
Mas o principal problema surge quando sabemos que todos dão os pésames e nós não. Porque não fui? Perguntei-me isso várias vezes.
É verdade que fico incomodado com a morte, sem saber que dizer. É verdade, que mostro, mesmo sem querer, que me sinto incomodado nessas situações, não sei bem que dizer, nem que fazer. Não me sinto bem. Apesar de sofrer quando são pessoas próximas, sinto-me igualmente incomodado com a manifestação de tristeza e pesar de conhecidos e menos conhecidos que nos vêm dar "os sentimentos". Normalmente parece que fico mais rebaixado na minha tristeza e solidão.
O certo é que não consegui falar com a florista. Não lhe fui transmitir o meu pesar pela morte de seu pai. Agora já passaram várias semanas, mas sinto-me ainda incomodado. Como será quando precisar de comprar flores? Evitar não resolve o problema, apenas o adia, é verdade. Mas continuo a sentir-me mal por não dizer nada.
Nada tem a ver com as minhas crenças, de que a morte é apenas o despegar passageiro deste mundo para cá voltar, sem memória consciente do que passou. Nada tem a ver com isto. E não tem a ver já que por mais que acreditemos nisso, é sempre um ente querido que desapareceu da nossa vida actual. Não sentiremos mais a sua presença física, não ouviremos as suas palavras.
O certo é que ainda não consegui falar com a florista, minha vizinha.
11 comentários:
entendo. pessoalmente prefiro que não me tentem consolar de qualquer perda, mas a experiência mostra-me que essa não é a regra. um abraço.
A morte é apenas uma passajem para outra dimensão, parte-se o cordão de prata e...
Aquele abraço
Já senti isso. É uma coisa tão estúpida. A um amigo podemos dar um abraço, não são necessárias palavras ocas. Mas tal não encaixa com todas as pessoas de quem gostamos: com a florista, com o colega lá da outra sala ao fundo, com o vizinho do lado esquerdo do piso de cima. Que palavra, que gesto queremos dar, que não embarace, que não faça lembrar escusadamente um sofrimento, que, não sei, essas coisas. E lá vêm os «pêsames» e os «sentimentos», e todas essas fórmulas que alguém inventou para encher um vazio esquisito. Até a vida voltar à normalidade.
Amigo Joaquim,
Encontrou uma pessoa que pensa e sente exatamente igual a tu quando o assunto é este: "falar com alguém que perdeu um querido", mas, aprendi um jeito e vou tentar passar-te.No dia "D" não compareço ao local, pois deixaria a pessoa ainda mais triste certamente; mas,passado uns dias, vou até esta, e apenas digo: Deixa-me te dar um abraço, posso imaginar tua dor...mas não tenho palavras, apenas peço-te: sê forte, abraço com mais força e dou um beijo;de imediato, mudo de assunto, talvez usando termos tipo: Posso fazer alguma coisa por te? Estás precisando de algo?...Tento mostrar a pessoa que estou alí,para tentar ajuda-la no que for preciso, MENOS com palavras.Pois palavras desta natureza, que trazem conforto à alma, isto eu não consigo fazer, (em momentos assim...relacionados à morte); Sabe Joaquim,acredito que nunca devemos forçar uma situação, sabemos das nossas limitações,e não vejo motivos para nos agredir,(alguém poderia até dizer...mas isto é egoísmo), que o digam.Não posso ir além do que possuo, e só nós mesmo sabemos onde e até onde podemos ir não é meu querido?
Obrigada por tua visita, me deixou muito feliz,já guardei teu endereço e sempre aqui voltarei...aprendi o caminho.
Beijinhos com carinho,
Agradeço as palavras. Realmente pode ser uma fórmula eficaz, vou experiemntar.
Obrigado igualmente pelas palavras de carinho quanto ao blog. O teu cantinho já faz parte tb das minhas visitas.
Namaste amigo,
compreendo, é sem dúvida um momento menos fácil...passei por uma situação muito parecida mas ao contrário, quando o meu pai partiu o que mais me doia era as pessoas chegarem ao pé de mim e darem-me os pêsames...também sem saber porquê é uma palavra que me incomoda...por isso quando vou a um funeral ou tenho de dar um mimo a alguém que perdeu temporariamente um ente querido apenas dou um abraço...um beijo...ou apenas um olhar cheio de carinho...completando com um -entendo sua perda-...jokinhas muito muito luminosassssssssssss
Ao amigo do coração venho convidar para que vá ao meu mundo colher à pérola que lá deixei em teu nome, pelo bem que este espaço me faz.
Deixo uma pérola especial de carinho amigo.
Eärwen
20.04.07
Olá Joaquim,
è a primeira vez que aqui te visito, e aproveito para em 1ºlugar te dar os Parabens pela escolha da Earwen,que é bem merecida.
Neste teu post,senti-me solidário contigo nesta situação específica.
São sempre situações que nos custam.Nada como uma aproximação e uma conversa franca com a Senhora das Flores, para que te sintas aliviado.
Um Abraço Amigo
Ainda que, no nosso interior, saibamos que morrer é um regresso a casa, para novos caminhos, é sempre difícil lidar com estes momentos. Nestas alturas, sinto sempre que interfiro ao dirigir-me à pessoa, no entanto, mostrar que estamos aqui para o que for preciso, nem que seja para uma palavra de carinho, pode fazer milagres. Nota-se que tens um coração gigante e não tarda, seguirás o seu apelo e agirás em conformidade com o teu SER.
Um Abraço de LUZ
Talvez seja simples.
Vais à florista e encomendas duas flores.
Quando no acto do pagamento ela tas entregar, pegas nelas e voltas a entregar-lhas a ela para que as coloque junto do pai.
Basta isso. Acho eu, mas nunca deixes de exprimir o que sentes junto de quem sofre, mesmo que te custe. Em algum momento saberás também porquê.
Abraço fraterno.
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